Graças aos avanços na tecnologia de impressoras 3D, a indústria farmacêutica e cosmética está testemunhando uma mudança radical no modo como testa a segurança de seus produtos. O futuro dos testes em laboratório não envolve mais cobaias vivas, mas sim um dispositivo inovador chamado "BoC", abreviação de "body-on-a-chip".
O BoC é um aparelho do tamanho da mão que reúne "órgãos em miniatura" impressos em 3D. Estes órgãos artificiais, feitos de tecidos que funcionam como os nossos próprios fígado, pulmões, rins, cérebro e até coração, são conectados entre si e alimentados por um líquido que imita o sangue humano.
Essa simulação permite que os cientistas testem a segurança de ingredientes de diversos produtos, como medicamentos, cosméticos e produtos químicos, observando como eles reagem em diferentes partes do corpo humano.
Por que isso importa?
Estima-se que mais de 115 milhões de animais são usados em laboratórios em todo o mundo. O BoC tem o potencial de eliminar a necessidade de testes em animais, como ratos, coelhos e cachorros, representando um grande avanço ético e moral.
No Brasil, os testes em animais para produtos cosméticos são proibidos desde março de 2023. Empresas como a Natura estão investindo cada vez mais na tecnologia de impressão 3D para testar seus produtos, como no caso da campanha "SalveORalph", que sensibilizou o país sobre a crueldade dos testes em animais.
Benefícios que vão além da ética
Além de eliminar o sofrimento animal, o BoC também oferece vantagens econômicas. Os "órgãos em chip" são mais baratos e rápidos de produzir do que os métodos tradicionais de testes em animais, o que pode levar a um desenvolvimento mais eficiente de novos produtos.
O futuro da carne "impressa"?
Estudos em andamento visam a utilização da tecnologia de impressão 3D para "imprimir" diferentes tipos de carne usando apenas algumas células de animais ou até mesmo vegetais. Essa alternativa inovadora pode atender às demandas de consumidores veganos e vegetarianos, além de contribuir para a sustentabilidade da produção de alimentos.
A tecnologia de "órgãos em chip" representa um salto significativo na ciência e abre portas para um futuro mais ético, eficiente e sustentável na indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia.
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