Enquanto a torcida brasileira debate fervorosamente o nome ideal para comandar a Seleção, os corredores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tornam-se palco de uma turbulência que pode mudar os rumos da entidade. Nos últimos dias, revelações bombásticas trouxeram à tona questões que vão muito além das quatro linhas, colocando em xeque a atual gestão e o futuro de seu presidente, Ednaldo Rodrigues.
O estopim mais recente partiu do renomado narrador Galvão Bueno, que em seu programa expôs documentos indicando que a CBF aceitou um convite da Rússia para a realização de dois amistosos em 2025. A notícia choca o cenário futebolístico internacional, visto que a Rússia está banida das competições da FIFA desde 2022, em decorrência do conflito com a Ucrânia. A aceitação de tal convite, em datas FIFA, levanta sérios questionamentos sobre o alinhamento da CBF com as decisões dos organismos internacionais.
Contudo, a crise na entidade parece ter raízes mais profundas e antigas. Um documento crucial para a validação da eleição de 2022, que garantiu a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência, está sob forte suspeita. Firmado por cinco dirigentes para atestar a legitimidade do pleito, o acordo conta com uma assinatura que, segundo laudos médicos e uma perícia, pode ser falsa: a de Coronel Nunes. Ex-presidente da CBF, Nunes sofre de comprometimento cognitivo e já se declarou judicialmente incapaz, tornando sua assinatura em um documento dessa magnitude extremamente questionável. A perícia realizada reforça a suspeita de falsificação, adicionando uma grave camada de ilegalidade ao processo eleitoral.
O desenrolar dessa crise agora aponta diretamente para Brasília, mais especificamente para o Supremo Tribunal Federal (STF). A relação, antes vista como próxima, entre Ednaldo Rodrigues e o ministro Gilmar Mendes, figura-chave na decisão que manteve o dirigente no cargo, parece ter se estremecido. Uma reportagem da revista Piauí evidenciou contratos milionários entre a CBF e o IDP, instituto do qual Gilmar Mendes é sócio, gerando desconforto no ministro e um aparente afastamento de Rodrigues.
O futuro de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF deve ser definido no final deste mês, quando o STF tem previsão de votar a validade do acordo que o manteve no poder. Caso a assinatura de Coronel Nunes seja confirmada como falsa e o documento anulado, todo o processo eleitoral de 2022 poderá ser invalidado, resultando no fim do mandato de Ednaldo Rodrigues e abrindo um novo e incerto capítulo na já conturbada história da Confederação Brasileira de Futebol.
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