O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III), da Unifesp, aponta que 56% da população brasileira experimentou bebidas alcoólicas antes dos 18 anos, com 25,5% tornando-se consumidores regulares na menoridade. Entre adolescentes de 14 a 17 anos, a cerveja é a mais consumida (40,5%), seguida por ice (31,9%), destilados (30,2%) e vinho (14,5%). A facilidade de acesso é notória: 75% dos jovens não tiveram dificuldade em comprar álcool, e práticas ilícitas, como contrabando e falsificação, também são relatadas.

O estudo indica que as meninas nessa faixa etária bebem com mais frequência, embora os meninos tenham maior prevalência de consumo pesado (seis ou mais doses).

Os pesquisadores alertam para os riscos do uso precoce de álcool, que afeta o desenvolvimento cerebral ligado à memória e controle de impulsos, aumentando as chances de dependência na vida adulta e comportamentos de risco (violência, evasão escolar).

Além do álcool, o levantamento destaca o uso de tabaco (7,9% dos adolescentes), com 56% dos usuários experimentando cigarros saborizados. A prevalência de uso de cigarros eletrônicos (vapes) é maior entre adolescentes (8,7%) do que em adultos, apesar da proibição de venda.

O acesso a apostas esportivas online também preocupa: 10,9% dos adolescentes já participaram de jogos, sendo a curiosidade e influência de amigos as principais motivações.

Pesquisadoras como Clarice Madruga (Unifesp) e Olivia Pozzolo (Cisa) defendem que a principal forma de combate é a implementação de políticas públicas que restrinjam o acesso ambiental aos produtos ilícitos e regulamentados, focando em quem vende e não apenas em programas de prevenção escolar.