O Banco Central confirmou o que já se previa: a inflação brasileira, medida pelo IPCA, fechou 2024 em 4,83%, ultrapassando a meta estabelecida em 4,5%. Apesar do resultado ser superior ao do ano anterior, a alta foi menor do que a registrada em 2022.
Em cumprimento à legislação, o Banco Central enviou uma carta ao Ministério da Fazenda explicando os motivos que levaram ao descumprimento da meta. A responsabilidade de assinar o documento coube a Gabriel Galípolo, novo presidente da autoridade monetária, indicado pelo governo Lula.
Em sua justificativa, Galípolo atribuiu o estouro da meta a três fatores principais: o forte crescimento da economia brasileira, a desvalorização do real frente a outras moedas e os efeitos de choques climáticos.
A atribuição da culpa à economia aquecida, ao dólar e ao clima gerou debates no mercado financeiro. Afinal, o governo federal, em diversas ocasiões, criticou a política monetária do Banco Central, defendendo que as altas da taxa de juros eram o principal fator para a inflação elevada. A Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, sempre concordou com essa visão.
É importante ressaltar que, embora o estouro da meta tenha ocorrido em 2024, período em que Roberto Campos Neto era presidente do Banco Central, a responsabilidade de explicar o ocorrido recaiu sobre Galípolo. Campos Neto esteve à frente da autoridade monetária de 2019 a 2024 e, nesse período, a meta de inflação foi descumprida em três anos.
Olhando para o futuro, Galípolo já sinalizou que promoverá duas altas consecutivas na taxa Selic, elevando-a para 14,25% ao ano. O mercado, por sua vez, projeta que a taxa básica de juros pode chegar a 15% até o final de 2025, um patamar não visto desde 2006.
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