O Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio do Núcleo de Londrina do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta quarta-feira, 23 de abril, a Operação Proteus. A ação visa desarticular um suposto esquema criminoso que teria desviado milhões de reais da Cooperativa Agroindustrial de Londrina (Cativa), causando prejuízos a aproximadamente 10 mil cooperados.
No âmbito da operação, o Gaeco cumpriu nove mandados de busca e apreensão e 22 mandados de imposição de medidas cautelares diversas da prisão. As investigações apuram possíveis práticas dos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro envolvendo integrantes da cúpula diretiva da Cativa.
As apurações tiveram início após o recebimento de informações pela Coordenação Estadual do Gaeco, que indicavam um suposto desvio de valores originados da venda de parte da Confepar Agro-Industrial Cooperativa Central – que integra o Grupo Cativa – para a empresa multinacional Lactalis.
Após a realização de diversas diligências, incluindo a quebra de sigilos bancário e fiscal, o Gaeco verificou que o presidente, o gerente administrativo-financeiro e um dos conselheiros administrativos da Cativa teriam se apropriado indevidamente de valores que superam os R$ 18 milhões. Esse montante seria parte do dinheiro obtido com a venda da área de laticínios da Confepar.
Para operacionalizar o desvio, os investigados teriam constituído empresas consideradas “fantasmas” em nome de “laranjas” e emitido notas fiscais de prestação de “serviços de agenciamento, corretagem e intermediação de negócios”. Segundo o MPPR, esses serviços nunca foram efetivamente prestados para a Cativa, e a manobra teria sido utilizada para justificar a saída do dinheiro do caixa da cooperativa.
A investigação também busca esclarecer um suposto desvio de dinheiro relacionado aos membros efetivos e suplentes dos conselhos Fiscal e Administrativo da Cativa. Responsáveis pela aprovação das contas da empresa, esses conselheiros teriam recebido, cada um, valores próximos de R$ 100 mil.
No que diz respeito ao patrimônio, as diligências constataram que, logo após os supostos desvios, o presidente, o gerente administrativo-financeiro e o conselheiro administrativo da Cativa adquiriram diversos bens, incluindo imóveis rurais, imóveis urbanos e veículos de luxo.
Em resposta aos achados da investigação, o Juízo da 2ª Vara Criminal de Londrina determinou o sequestro de aproximadamente R$ 20 milhões em bens dos investigados. A medida inclui o sequestro de 19 imóveis, dez créditos imobiliários decorrentes da aquisição de imóveis na planta e dez veículos automotores.
Quanto às medidas cautelares diversas da prisão, determinadas a pedido do Gaeco, o Judiciário impôs aos investigados a monitoração eletrônica, o comparecimento periódico em Juízo, a proibição de acesso ou frequência nos prédios da Cativa, a proibição de manterem contato com os demais investigados e testemunhas, a proibição de se ausentarem da comarca sem prévia autorização judicial e a suspensão do exercício de todas as atividades que desenvolviam na Cativa e na Confepar Agroindustrial Ltda., incluindo matrizes, filiais e eventuais coligadas e controladas.
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