O Pantanal vive um momento crítico: o número de focos de incêndio em junho de 2024 já atingiu 489 até o dia 11, o maior patamar para o mês desde 1998, quando os registros começaram. Essa triste marca representa um aumento de 1.037% em relação ao mesmo período em 2022 e supera o recorde anterior de 2005, que teve 188 incêndios. Em extensão, a área já devastada pelo fogo equivale ao dobro da cidade de São Paulo ou a 59 mil campos de futebol.
Embora 2020 tenha sido o ano com o maior número de queimadas no Pantanal, com mais de 22 mil focos e 40 mil km² destruídos, a situação atual ainda é motivo de grande preocupação. Especialistas alertam que a combinação da estiagem prolongada com as baixas temperaturas e a prática ilegal de queimadas para fins agrícolas configura um cenário propício para a intensificação dos incêndios.
A agropecuária é um dos principais motores da economia do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, e a prática de queima do solo para adubar a terra com as cinzas, apesar de proibida, ainda é comum entre os produtores. Essa prática, somada à falta de chuvas e às altas temperaturas, contribui significativamente para o aumento da frequência e da intensidade dos incêndios.
É importante destacar que a produção agropecuária do Mato Grosso representa 16% da receita nacional, evidenciando a relevância econômica do setor para o país. No entanto, é crucial que essa atividade seja desenvolvida de forma sustentável, buscando alternativas à queima do solo e investindo em práticas agrícolas mais ecológicas.
Governo federal toma medidas e busca parcerias
Ciente da gravidade da situação, o governo federal, desde as eleições, tem tomado medidas para combater o desmatamento e as queimadas. Em 2023, foram investidos R$ 600 milhões no Fundo Amazônia, com foco nessas ações.
No entanto, o desafio é ainda maior, já que a Amazônia também enfrenta um aumento de 153% nos focos de incêndio entre janeiro e abril deste ano, apesar de ter registrado uma queda de 60% no desmatamento. Diante desse cenário, o presidente Lula e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assinaram na semana passada um pacto de prevenção e combate ao fogo na região.
Combater os incêndios no Pantanal e na Amazônia exige ações urgentes e coordenadas, que envolvam o governo, o setor agropecuário, as ONGs e a sociedade civil. É fundamental investir em pesquisa e desenvolvimento de técnicas agrícolas sustentáveis, promover a fiscalização rigorosa e punir os responsáveis pelas queimadas ilegais. Além disso, é necessário conscientizar os produtores rurais sobre os impactos ambientais e sociais dessa prática predatória.
O Pantanal, com seus 195 mil km², é a maior área extensa de terra úmida do mundo, e sua preservação é fundamental para a biodiversidade do planeta e para o equilíbrio ambiental do Brasil. É hora de unirmos forças para proteger esse bioma único e garantir um futuro mais sustentável para todos.
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