Em um cenário de forte crescimento do mercado de trabalho brasileiro, com a força de trabalho formal ultrapassando 100 milhões de pessoas no ano passado, os sindicatos brasileiros vivem um momento de profunda crise. Em apenas uma década, o número de filiados despencou de 16% para 8%, o menor patamar da história do país, representando a perda de mais de 6 milhões de associados.
Reforma trabalhista e uberização do mercado fragilizam entidades
Diversos fatores contribuem para essa queda vertiginosa. Um dos principais é a reforma trabalhista de 2017, que tornou o imposto sindical opcional. Essa mudança gerou um impacto direto na receita das entidades, que despencou de R$ 3 bilhões por ano para apenas R$ 68 milhões no ano passado, uma queda de 98%.
Além disso, a reforma flexibilizou as relações trabalhistas, permitindo maior autonomia na negociação entre patrões e empregados, diminuindo a necessidade de intermediação sindical. Somado a isso, o crescimento exponencial dos serviços por aplicativos, que gerou um aumento expressivo no número de trabalhadores autônomos sem vínculo formal com empresas, também contribuiu para a desfiliação.
Setor público se destaca como principal base de filiados
Atualmente, a maioria dos 8 milhões de trabalhadores sindicalizados no Brasil está concentrada no setor público. Já entre os trabalhadores do setor privado, especialmente aqueles sem carteira assinada, a adesão aos sindicatos é extremamente baixa.
Governo busca alternativas para fortalecer entidades, mas encontra resistência no Congresso
Diante desse cenário desafiador, o governo federal busca alternativas para fortalecer as receitas dos sindicatos. Uma das propostas, que prevê a criação de "contribuições compulsórias" em substituição ao imposto sindical extinto, encontra forte resistência no Congresso Nacional, com líderes como Arthur Lira já sinalizando que não apoiarão a medida.
Futuro incerto: sindicatos precisam se reinventar para sobreviver
A queda na sindicalização no Brasil expõe um momento crucial para o movimento sindical brasileiro. Com a perda de representatividade e recursos, as entidades precisam se reinventar para garantir sua relevância e defender os direitos dos trabalhadores em um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e heterogêneo.

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