Enquanto muitos brasileiros ainda planejam seus objetivos para 2025, um grupo de deputados do Partido Liberal (PL), com o apoio de parte do Centrão, já está de olho em 2026. O objetivo é claro: trazer o ex-presidente Jair Bolsonaro de volta ao cenário político. No entanto, o caminho não é simples. Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2022. O ex-presidente foi acusado de levantar suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas em um evento oficial, o que o enquadrou na Lei da Ficha Limpa.
Agora, aliados do ex-presidente no Congresso Nacional estão discutindo uma mudança na própria Lei da Ficha Limpa — ironicamente criada e apoiada por membros da direita em 2010. A proposta em debate visa reduzir a pena de inelegibilidade para crimes eleitorais de 8 para 2 anos. Se aprovada até outubro deste ano, a mudança permitiria que Bolsonaro concorra nas eleições de 2026. A estratégia, no entanto, enfrenta resistência e críticas, especialmente de setores da oposição, que veem na proposta um claro benefício personalista.
Enquanto a incerteza paira no ar, outras figuras políticas já começam a se movimentar para ocupar o espaço que Bolsonaro pode deixar caso não consiga retornar. Entre os nomes cogitados estão o cantor Gusttavo Lima, o coach Pablo Marçal e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um dos principais aliados do ex-presidente. Além disso, Jair Bolsonaro já sinalizou a possibilidade de apoiar familiares, como o senador Flávio Bolsonaro e a deputada federal Michele Bolsonaro, em uma eventual candidatura.
Esse tipo de manobra política não é novidade no Brasil. Em 1997, o Congresso aprovou uma mudança nas regras de reeleição para permitir que o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disputasse um segundo mandato. Na época, o processo foi marcado por denúncias de compra de votos, mas o projeto foi aprovado e consolidou o modelo de reeleição no país.
Agora, a discussão sobre a alteração da Lei da Ficha Limpa reacende o debate sobre a influência de interesses pessoais e partidários na legislação eleitoral. Enquanto isso, o cenário político para 2026 começa a se desenhar, com Bolsonaro no centro das atenções, mas com outros nomes prontos para entrar em cena caso o plano não saia como o esperado.
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