Um gigantesco escândalo envolvendo o desconto indevido de bilhões de reais nos benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) emergiu como um novo e explosivo capítulo na polarização política brasileira. A fraude, que lesou milhares de beneficiários, não só revela a vulnerabilidade do sistema previdenciário, mas também se transformou em munição no embate entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e o atual governo Lula.
A crise ganhou grande visibilidade com a forte atuação das redes sociais. Em vídeo que alcançou mais de 120 milhões de visualizações no Instagram, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) atribuiu à esquerda a responsabilidade por barrar, em 2022, uma proposta que visava coibir tais descontos no INSS. O parlamentar criticou duramente a ideia de usar dinheiro público para ressarcir os aposentados lesados e traçou uma linha direta de correlação entre a crise no INSS e o presidente Lula.
Do outro lado do espectro político, aliados do governo Lula preparam um dossiê que busca vincular assessores do governo Bolsonaro à criação de entidades consideradas fantasmas, como a Ambec. Segundo as investigações preliminares e o material em elaboração, essa entidade teria apresentado um crescimento vertiginoso de filiados em poucos meses, saltando de 3 para 600 mil associados, levantando fortes suspeitas sobre a origem e a legitimidade de suas operações.
Independentemente das colorações políticas, o fato é que o escândalo movimenta os bastidores de Brasília e, pela sua dimensão e implicações, já é comparado a um dos maiores desde a Operação Lava Jato. Os números apresentados pelas investigações dão a exata medida do problema: dados da Corregedoria Geral da União (CGU) indicam que, entre 2019 e 2024, entidades associativas retiraram R$ 6,3 bilhões diretamente dos contracheques de aposentados e pensionistas. Desse montante alarmante, 60% foram descontados apenas nos últimos dois anos.
Contudo, o problema vai além das mensalidades associativas cobradas sem autorização. Há fortes indícios de que essas mesmas entidades estariam por trás da contratação de empréstimos consignados fraudulentos, realizados sem o consentimento dos beneficiários, muitas vezes com o apoio de bancos e cooperativas. Entre 2021 e 2023, o volume de empréstimos consignados atingiu a cifra de R$ 219 bilhões. A grande questão agora para as autoridades é separar o que foi devidamente autorizado do que configura fraude.
Com as investigações em andamento e o escândalo ganhando tração política no Congresso, a possibilidade de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Legislativo tornou-se concreta. No entanto, a instalação de uma CPI ainda depende da decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.
Enquanto a definição sobre os próximos passos no Congresso não acontece, o Poder Judiciário já começou a agir. A Justiça Federal concedeu um prazo de 48 horas para que o Governo Federal e o INSS apresentem manifestação sobre as graves irregularidades apontadas no caso.
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