O fluxo cambial da economia brasileira registrou um saldo negativo de US$ 12,8 bilhões no primeiro trimestre de 2025, marcando a maior fuga de dólares para o período desde o início da série histórica, em 1982. Esse resultado alarmante, divulgado nesta sexta-feira, acende um sinal de alerta sobre a confiança na economia nacional e seus potenciais impactos no câmbio, nos preços e na atração de investimentos.
O mês de março foi o principal responsável por esse desempenho negativo, com uma saída líquida de US$ 8,3 bilhões – o maior valor já registrado para este mês na história. O canal financeiro foi o mais afetado, com uma retirada expressiva de US$ 12,8 bilhões. Apesar de uma entrada de US$ 4,5 bilhões pelo canal comercial, o montante não foi suficiente para compensar a forte saída do setor financeiro. Para se ter uma ideia da magnitude da situação, a fuga de capitais em março de 2020, período marcado pelo início da pandemia de Covid-19, foi de US$ 6,6 bilhões.
A explicação para essa significativa retirada de investimentos do Brasil reside, em grande parte, na instabilidade do dólar e no cenário global de crescente incerteza, impulsionado pela guerra comercial desencadeada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Essa conjuntura internacional torna o Brasil menos atraente para investidores, que buscam mercados mais seguros e com menor volatilidade.
Curiosamente, mesmo diante dessa fuga recorde de dólares, a moeda americana registrou uma queda de 3,51% em março e de 7,63% no acumulado do trimestre. Essa desvalorização do dólar, contudo, não reflete um otimismo com a economia brasileira. Ela é, na verdade, um reflexo de expectativas mais moderadas em relação ao aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, o que torna o dólar menos atrativo globalmente.
A relevância desse fluxo negativo é inegável. A saída de dólares enfraquece o real, tornando as importações mais caras e pressionando a inflação. Além disso, a perda de confiança dos investidores pode levar à redução do investimento produtivo, impactando o crescimento econômico e, consequentemente, a vida da população. O desafio para o governo brasileiro é, agora, implementar medidas que restaurem a confiança dos investidores e revertam esse fluxo de saída de capitais, a fim de proteger a economia e evitar maiores prejuízos para o cidadão.
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