Uma paralisação de grande escala tomou conta dos serviços dos Correios nesta semana. Mais de 40 empresas de transporte terceirizadas, responsáveis por uma parcela significativa das entregas da estatal, suspenderam suas atividades em protesto contra a falta de pagamento. A medida drástica, que já afeta estados como Bahia, Paraná e Minas Gerais, ameaça causar atrasos significativos na entrega de encomendas em todo o país.

A gota d'água para as terceirizadas foi o não recebimento dos pagamentos referentes a janeiro deste ano. Segundo as empresas, a situação financeira chegou a um ponto crítico, com algumas delas operando no limite do capital de giro, sem recursos para arcar com custos básicos como combustível e salários dos motoristas.

"Não podemos mais sustentar essa situação. Chegamos ao nosso limite", desabafa um dos representantes das empresas, que preferiu não se identificar. "Estamos sem receber há meses e não temos como manter nossas operações. A prioridade é pagar os motoristas e abastecer os caminhões, mas não há dinheiro suficiente".

A paralisação das terceirizadas representa um duro golpe para os Correios, que já enfrentam dificuldades financeiras. A estatal registrou um prejuízo de quase R$ 600 milhões em 2023 e de mais de R$ 3 bilhões em 2024, com um rombo de R$ 424 milhões apenas em janeiro, o maior da história da empresa para o mês.

Diante da crise, os Correios emitiram uma nota oficial, na qual reconhecem o atraso nos pagamentos e atribuem o problema a dificuldades em seu sistema de pagamento. A estatal afirma que está realizando o pagamento gradual aos fornecedores e que trabalha para resolver a situação o mais rápido possível, garantindo que o serviço de entrega não será impactado.

No entanto, a promessa dos Correios não convence as terceirizadas, que afirmam que só retomarão suas atividades após o recebimento integral dos pagamentos atrasados. A incerteza paira sobre o futuro das entregas no país, com a possibilidade de atrasos e transtornos para consumidores e empresas que dependem dos serviços da estatal.